Não sei quem és nem como conseguiste entrar no meu sonho. Não te dei licença mas, afinal, os sonhos são mesmo assim. Sem lógica, involuntários e sem consequências (?).
Não consigo descrever-te, o teu rosto está sempre desfocado e tenho a impressão que caminhas à beira de um qualquer rio... ou lago? Apareces vindo da bruma, imagem esfumada pairando à minha volta, num estranho delírio em que voamos sobre campos, rios, mares em nada semelhantes ao mundo real. Oiço a tua voz murmurar palavras suaves que atravessam o silêncio. Quando te vais, as palavras ficam comigo. E ontem, na tua visita sonhada, deixaste comigo um pequeno nada que talvez tenhas esquecido. Ou talvez tenhas querido deixar-me aquele pequeno presente: um grama de ilusão.