Domingo, 27 de Novembro de 2005
Beijar-te-ei na sombra,
sem que o meu corpo toque
o teu corpo.
- Correrei as cortinas:
que não entre nem a névoa
do céu -.
Que na morte absoluta
de tudo, só exista,
novo mundo, o meu beijo.
Juan Ramón Jimenez
Sábado, 12 de Novembro de 2005
A vida entrou devagarinho pela janela. Provavelmente, tinha deixado uma fresta aberta. Chegou-se a mim e deve ter dado um grito manso no meu ouvido:
Vive-me!
Nunca fui muito de obedecer a ordens de ninguém. E afinal o que é a vida para se achar no direito de me gritar, murmurando? Coisa estranha que me tinha acordado do meu sono bem desperto. E insistia:
Vive-me! Eu sou só um sopro, uma brisa leve e rápida. Respira cada momento.
Talvez de raiva, olhei a vida de frente. Foi então que recomecei a vivê-la.