Quinta-feira, 22 de Junho de 2006

Reinvenção do mundo

 

Não quero mais um dia.
Quero um novo dia,
Repleto de surpresa e fantasia.
Anseio por novidades e mudanças,
Novas cores,
Novas vidas,
Novas esperanças.
Algumas noites deveriam ser prateadas,
Porque hão-de ser sempre negras e cerradas?
E o mar? Sempre azul cintilante!
Porque não vermelho flamejante?
Os campos deveriam amanhecer azuis algumas vezes,
E todos os anos deveriam mudar o nome dos meses.
Como seria doce pela manhã despertar,
Olhar ao alto e exclamar:
"Hoje o céu está da cor da esperança,
E o tempo parou! O relógio não avança."
Mas os dias... são todos tão iguais,
Vinte e quatro horas pontuais.
Estou enfastiado desta monotonia grosseira,
Não poderiam ser vinte cinco à sexta-feira?
Contem-me mentiras novas, histórias surpreendentes.
Reinventem o mundo com imagens diferentes.
Só tenho vinte cinco anos e estou tão cansado...
Reinventem este mundo ou levem-me para outro lado!


Gonçalo Nuno Martins, in Nada em 53 vezes

 

 

hoje estou: tranquila
publicado por lique às 22:56
link do post | quer comentar? | ver comentários (2) | favorito
Segunda-feira, 12 de Junho de 2006

de impossibilidades

 

há uma escuridão por trás dos olhos
uma ausência de palavras
como se de usadas tivessem se gastado
definitivamente.

 

há uma impossibilidade de tudo em tudo
uma impossibilidade.

 

no entanto o dia é azul e claro
e cantam os pássaros no ipê.

 

talvez apenas tenha eu mudado
talvez apenas tenha eu morrido
quase sem me aperceber.

 

Márcia Maia, in em queda livre

 

hoje estou: parada no tempo
publicado por lique às 22:24
link do post | quer comentar? | ver comentários (1) | favorito
Quarta-feira, 7 de Junho de 2006

Fixação

 

Ó imagem do meu horizonte restrito e fronteiro,
há pouco ao alcance dos meus olhos reais,
perto, perto, ali!...
E parecu-me coisa tão natural
uma coisa que talvez não torne mais a acontecer!

 

Tão natural que só olhei de quando em quando
e de revés,
nem senti o desejo de fixar-te bem...
e era fácil, imóvel como ias!...
E se o tivesse feito
acabava nitidamente com a multidão dos teus aspectos
sempre desencontrados entre a memória e o pensar memória!

 

Tão natural porque talvez cá
dentro de mim, ande
uma confiança de repetição destas pequenas coisas,
confiança feita de não esperar
e de as supor maiores...


Jorge de Sena, in Obras, Vol.10º

  

hoje estou: sem confiança
publicado por lique às 22:54
link do post | quer comentar? | favorito

sobre mim

pesquisar

 

outras palavras minhas

palavras recentes

Passeando na blogoesfera....

O Beijo

Reinvenção do mundo

de impossibilidades

Fixação

Ritual do silêncio

Poema à mãe

Azul, azul...

Ecos de Abril...

Desencanto

palavras guardadas

Dezembro 2007

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Novembro 2005

Outubro 2005

Setembro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Abril 2005

Março 2005

Fevereiro 2005

Janeiro 2005

Dezembro 2004

Agosto 2004

Julho 2004

Junho 2004

Maio 2004

Abril 2004

Março 2004

SAPO Blogs

subscrever feeds