Segunda-feira, 28 de Junho de 2004

Existe um rio

rio_noite.jpg


Existe um rio. As casas, as pessoas não vagueiam na minha lembrança. Só sei que existe um rio. Sujeito a marés. O mar, ali perto.
Nas noites quentes, na velha ponte, costumo olhar as águas cumprindo o seu destino, deslizando suavemente para os braços do mar. De onde vêem aquelas águas, que terras fecundaram, quem nelas se banhou? O rio tem nome com sabor a sul e a sol, nome de mouro que por ali terá passado em busca da sua amada, nome doce de enrolar na boca. O rio tem vida. Peixes saltam como se quisessem escapar das águas. Como se o seu destino fosse em terra, atraídos pelo perfume dos jardins. E vidas se cumprem no rio, em direcção ao mar onde outros peixes aguardam. Ouço as conversas dos pescadores nos barcos, a canção, o assobio. E as gaivotas pairam por ali, chamadas por odores que as fizeram deixar o mar. Lá voltarão no rasto dos barcos.
De dia, o rio perde a magia, dissolve-se na azáfama dos carros, das gentes que passam com sol de praia nos olhos e na pele. Mas eu espero. À noite vai reaparecer o meu rio. Lá, eu lavo a alma de toda a poeira acumulada. É para lá que eu vou.

publicado por lique às 17:12
link do post | favorito
De Anónimo a 29 de Junho de 2004 às 17:30
Analfabeto: o meu amigo anda muito poético. Passarinho novo? Ou é mesmo a alma que está lavada? Beijinhoslique
</a>
(mailto:lique2@sapo.pt)
Comentar:
De
( )Anónimo- este blog não permite a publicação de comentários anónimos.
(moderado)
Ainda não tem um Blog no SAPO? Crie já um. É grátis.

Comentário

Máximo de 4300 caracteres



Copiar caracteres

 



O dono deste Blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.