Sábado, 24 de Abril de 2004
Tempo de não tempo de simEis que de novo chega um tempo de batalhas.
Chega um tempo de povo. Tempo de viver
Ou morrer. Chega um tempo de romper as malhas
que um tempo-aranha tece para nos prender
nas teias de cadeias malhas de muralhas.
Chega um tempo de massa. Tempo revolucionário.
Tempo de negação. Afirmação. Transformação.
Chega um tempo em que o poeta - mesmo o solitário -
já não está só: é só mais um na multidão.
Tempo de ver em cada coisa o seu contrário.
Chega um tempo febril. Fabril. Tempo de sín-
tese. Tempo de guerra. Tempo de mudança.
Chega um tempo de não. Chega um tempo de sim.
Tempo de desespero. Tempo de esperança.
Chega um tempo de início num tempo de fim.
Chega um tempo de agir no sentido do Tempo
tempo de se ganhar o tempo já perdido
tempo de se vencer o tempo-contratempo
para que o Tempo torne a ser sentido.
Chega um tempo de empunhar as armas do Tempo.
Manuel Alegre, O canto e as armas
De Anónimo a 24 de Abril de 2004 às 23:29
José: É na verdade um livro quase mítico, tantos são os poemas musicados, citados por tudo quanto é sítio, até premonitórios do 25 de Abril (não terão os poetas esse estranho dom de dizerem palavras que nos parecem proféticas?). Este poema é talvez dos menos conhecidos, mas, lá vamos nós, também parece que com uma adaptação aqui e ali serve aos tempos de hoje e não falo só da conjuntura nacional... Tem uma boa noite!Bjslique
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De Anónimo a 24 de Abril de 2004 às 23:17
Olá lique
O Canto e as Armas terá sido o livro de poesia mais reproduzido em Portugal e sempre á margem do editor e do autor. Já uma vez o M Alegre referiu esse facto. A obra libertou-se completamente. A autoria da poesia não foi esquecido, claro. Mas a obra cumpriu-se a si mesma.
Fica bem!
bjsJose Duarte
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De Anónimo a 24 de Abril de 2004 às 23:05
Lolita: Obrigada pela visita, pelas palavras e pelo belo poema de Manuel Alegre sobre esta conversa de Revolução sem R. Amanhã celebremos a Revolução e a mudança! Beijinhoslique
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De Anónimo a 24 de Abril de 2004 às 23:01
Analfabeto: Estás curioso?? O post do dia 25 vai ser algo muito meu, é só o que posso dizer... Não, também posso dizer que é sentido e muito simples. E pronto! Bjslique
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De Anónimo a 24 de Abril de 2004 às 21:49
Lindo blogue que aqui tens. Deixo-te o último poema do Manuel Alegre. Um abraço e um excelente dia de sol e de elegria amanhã. Eu comemoro sempre abril no coração.
"Trinta anos depois querem tirar o r
se puderem vai a cedilha e o til
trinta anos depois alguém que berre
R de revolução e R de abril
R até de porra R vezes dois
R de renascer trinta anos depois
Trinta anos depois ainda nos resta
da liberdade o L mas qualquer dia
democracia fica sem o D.
Alguém que faça um F para a festa
alguém que venha perguntar pk
e traga um grande P de poesia.
Trinta anos depois a vida é tua
agarra as letras todas e com elas
escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)
escreve a palvra amor em cada rua
e então verás de novo as caravelas
a passar aqui: trinta anos depois!"
manuel alegre, Abril de 2004ATuaLolita
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De Anónimo a 24 de Abril de 2004 às 20:53
Depois de tantos post sobre o 25 de Abril... estou curioso para ver a do dia D ( 25 d Abril)analfabeto
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De Anónimo a 24 de Abril de 2004 às 20:15
Dora: é bom sentir esse espírito positivo.É com essa fibra que temos que fazer "o tempo ter sentido". Beijinhoslique
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De Anónimo a 24 de Abril de 2004 às 20:12
Tem que ser Ângela! Perante o que se passa em Portugal e no mundo, é natural sentir angústia. Mas temos que acreditar que é possível. Beijinhoslique
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De Anónimo a 24 de Abril de 2004 às 20:10
Analfabeto: ai amigo nós temos mesmo que fazer das palavras armas e tentar "ganhar o tempo perdido" . Temos que acreditar que é possível. Bjslique
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De Anónimo a 24 de Abril de 2004 às 20:07
Parêntesis: Fico feliz por gostares. Quanto aqui ao nosso poeta, não é que consegue apanhar a necessidade de agir e decidir dos nossos dias num poema escrito para aí nos anos 60 ? Ou não mudámos muito ou ainda temos muito a mudar... Beijinhoslique
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