Terça-feira, 13 de Julho de 2004

Regionalidades (ou o Governo electrónico, segundo Santana Lopes)

Então ontem fiquei eu a saber da grande novidade que nos vai trazer o governo do nosso (salvo seja…) novo Primeiro Ministro. O senhor quer mudar o Ministério da Agricultura para Santarém, o Ministério da Economia para o Porto e a Secretaria de Estado do Turismo para Faro. Com esta medida, dá Santana a algumas regiões um rebuçadinho, para ver se ficam contentes. O homem até distribuiu isto por Norte, Centro e Sul. Ideia brilhante, estão a ver? E não é que a demagogia resulta, de imediato? Viram aquela gente toda a saltar de contente, no Telejornal? Como se um Ministério no Porto significasse que ia tratar (quase) só dos problemas da economia do Norte! Descobri eu, olhando para aquele triste espectáculo, que se a medida for aplicada, deixa concerteza de haver economia no resto do país, já não há turismo fora do Algarve e a agricultura fica mesmo resumida ao Ribatejo. Pasmem com o que se aprende a ver Telejornais! O que dirão as outras regiões desta medida prioritária e do maior interesse público, não sei. Mas tenho um feeling que as reacções não tardarão….
Analisemos então a praticabilidade desta medida, para implementar por um governo que vai durar dois anos. Não fiquei a perceber se se deslocavam só os serviços centrais ou se as Direcções Gerais também vão ter ordem de marcha. Esqueceu-se Santana Lopes provavelmente dos custos de reinstalação de um Ministério em qualquer local que seja. E de certeza que ,de todo, não se lembrou que existem regras para a mobilidade de pessoal na Função Pública. Ou seja, uma medida deste género teria altos custos só em indemnizações e/ou subsídios ao pessoal. Sem contar, claro, com o tempo que isso levaria a negociar. Depois, se as D.Gerais ficarem em Lisboa, há o problema das comunicações constantes com os respectivos Ministérios. Fácil, segundo Santana: aplicam-se as novas tecnologias ,isto torna-se um governo do sec. XXI (oh diabo, se fosse do sec.XX ou XIX é que era mau…) e implementa-se o e-government ( eu traduzo, governo electrónico). Eu fui buscar o que tinha aprendido sobre e-government e pareceu-me sempre que era uma noção que se aplicava fundamentalmente às relações Estado/cidadão. Dou um exemplo: quero comprar uma casa e preciso duma data de papelada. Vou à Internet, introduzo os dados do que quero e os papeis todinhos são-me enviados para casa. Assim sendo… Noções mal assimiladas (as minhas, naturalmente).
Bom, admitindo que seja difícil implementar o governo electrónico (na concepção de Santana Lopes) dum dia para o outro, restam as normais deslocações. Mas como? Os orçamentos de funcionamento dos Ministérios foram reduzidos ao mínimo, devido às medidas de contenção orçamental. Onde haverá dinheiro para deslocações, ajudas de custo, comunicações, etc.? Porque é que eu acho que em qualquer canto deste país, Manuela Ferreira Leite se rebola a rir?
De tudo isto, resta-me a sugestão que me deu hoje um colega que trabalha nos serviços centrais de um dos Ministérios abrangidos nesta leva: “Porque é que não mudamos os Ministérios todos para as Bahamas? Isto com governo electrónico, basta um portátilzinho artilhado e até da praia se pode governar!” Eu aprovo esta sugestão que, concerteza, também não desagradará ao (nosso) novo Primeiro Ministro.
publicado por lique às 07:34
link do post | favorito
De Anónimo a 14 de Julho de 2004 às 20:55
O homem teve um "descuido"... que o há-de atarantar. Atrás deste...outros virão e muitos!...
</a>
(mailto:...@sapo.pt)
Comentar:
De
( )Anónimo- este blog não permite a publicação de comentários anónimos.
(moderado)
Ainda não tem um Blog no SAPO? Crie já um. É grátis.

Comentário

Máximo de 4300 caracteres



Copiar caracteres

 



O dono deste Blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.