Quinta-feira, 24 de Junho de 2004

Dantes

Dantes eu matava as pessoas. Dentro de mim. Quando a mágoa transbordava e a hora era chegada, o tiro era certeiro. De um dia para o outro, elas deixavam de existir em mim. Nunca entendi bem o que me levava a saber que a hora era aquela. O facto é que, uma vez consumado o acto, ninguém tinha mais poder de me magoar. Era a total indiferença. Por vezes ficava uma relação cordial. Por vezes, não.
Falo no passado porque perdi esse poder. Agora não mato ninguém. Por vezes, arrumo alguém numa gaveta onde nunca mais toco. "Nunca mais" é uma expressão maior que eu. Talvez só durante algum tempo. Até tenho dado por mim a querer ressuscitar alguns mortos. Tirando-lhes a força que tinham, claro. O passar do tempo ensinou-me que as mágoas existem porque nós as alimentamos. E que não há bons nem maus. Há gente, pessoas que vale sempre a pena descobrir. Não que dê a toda a gente o nome de amigo. Esse é sempre reservado. Dentro do jardim mais belo da minha morada.
publicado por lique às 00:01
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De Anónimo a 25 de Junho de 2004 às 22:39
Sara: que bom saber que afinal não estou só nesta de "matar" pessoas que tanta polémica deu. Tu explicaste tudo na perfeição no teu comentário. Claro que algo de mim também morria quando isso acontecia, tenho plena consciência disso. Enfim, vamos mesmo em frente... Beijinhos, amiga, desejando ler-te todos os dias.lique
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