
Esta janela já não tem enredos,
ninguém por ela espreita, ninguém espera
vê-la semicerrar, semiabrir
o olhoblíquo do ciúme;
nem por ela passarão as trajectórias
do suicida e do escalador.
Romeu morreu e a doce expectação
de Julieta é comprimido sono.
Sequer uns braços nus de janeleira,
hasteada brancura, nela podem
demorar o gozo dum voyeur,
que esta janela já não serve para...
Esta janela é uma finta, é uma jogada
no xadrez de quem a pinta e assina.
Alexandre O'Neill