Terça-feira, 23 de Agosto de 2005
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossege
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
De Anónimo a 25 de Setembro de 2005 às 20:26
querida Lique..tento comentar la no outro e não consigo e no eu tb não consigo, mais estou por aqui...lendo vc e ali tb..e la tb...risos..bjus querida£å£i
(http://www.cantinhodalaranjalima.blog.uol.com.br)
(mailto:laranjalima2004@hotmail.com)
De Anónimo a 24 de Agosto de 2005 às 17:22
visite-nos para descontrair..
mosquinhabzz
(http://blogoeiras.blogspot.com/)
(mailto:mosquinhabzz@hotmail.com)
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