Domingo, 2 de Maio de 2004

Paris, só na Primavera

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Quando chega a Primavera e a doçura se espalha no ar, lembro-me sempre de Paris. Durante anos, ocupações profissionais levaram-me até lá, nesta altura do ano :Abril/Maio. Viajei até outros lugares, mas aquela cidade entrou-me na pele, passou a ser a minha segunda cidade. Em lugar algum do mundo me sentia como ali. Lembro cada passo dado no bairro onde fica o hotel em que me hospedava. Lembro o caminho feito a pé de manhã sobre aquela ponte do Sena. A luminosidade de Paris (cidade feminina, de certeza…) vista sobre o Sena, não tem igual. Lisboa tem luz mas o rio não a atravessa. É essa a diferença. Um rio que atravessa uma cidade.
Várias vezes me perguntei a razão do meu apego àquela cidade. Podia alegar beleza, cultura, etc,. todos os chavões habituais. Mas percebi rapidamente que o meu prazer maior não era percorrer os museus, nem visitar os locais turísticos. Gostava de vaguear sem me afastar muito do rio, ir à Ile de St Louis, ao Quai St Michel, ao Quartier Latin ,misturar-me com as pessoas que passeavam e beber aquele ar. A doçura, a alegria, a luz daquele ar. Nem sequer achava os parisienses muito simpáticos para com os turistas. Não certamente como os portugueses (que o são até ao total exagero). Era a cidade que me fascinava, que me levava a pensar que adoraria viver ali.
Há cerca de quatro anos, tive que ir a Paris em Janeiro. O frio era insuportável, soprava um vento gélido e a cidade, a minha linda cidade, estava debaixo de um manto cinzento que não desaparecia. Os locais estavam todos lá e quase enregelei no Quartier Latin, á procura duma lojinha donde as minhas filhas me pediam sempre qualquer “petite chose”. Desejei em cada dia voltar para Lisboa, perguntando-me para onde tinha ido aquele ar que eu costumava beber. Enfiei-me no hotel, onde pelo menos havia calor e tomei um chocolate bem quente. Ao voltar, quentinha no avião, jurei a mim própria que, a Paris, só queria voltar na Primavera. E, claro, tive consciência do que já sabia: a magia dos locais tem sempre a ver connosco e com os momentos em que os visitamos.


P. S. A Ema lembrou-me de Paris e deu nisto...



publicado por lique às 23:55
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26 comentários:
De Anónimo a 3 de Maio de 2004 às 19:15
Analfabeto: Ou não fosses tu do contra! Eu gosto de gatos, tu de cães. Eu gosto de Paris, tu de Londres. Oh diabo, temos que arranjar algum gosto comum! Bjslique
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De Anónimo a 3 de Maio de 2004 às 19:01
Conheço Paris e detesto, prefiro Londres... cidade das luzes aahhhanalfabeto
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De Anónimo a 3 de Maio de 2004 às 15:41
Adesse: obrigada pelo esclarecimento. Irei sem dúvida visitar o outro espaço. Bjslique
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De Anónimo a 3 de Maio de 2004 às 15:39
Sara: que inveja que me fazes! Com as tuas palavras tão belas, fizeste-me ficar com uma saudade... Bjslique
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De Anónimo a 3 de Maio de 2004 às 15:36
Grilinha: bora! Cá por mim já ia a caminho do aeroporto. :))***lique
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De Anónimo a 3 de Maio de 2004 às 15:29
maat7: que bom é, estarmos sempre prontos a viajar. Qualquer viagem, qualquer exploração de novos espaços, enriquece e traz-nos um gostinho bom de aventura. Um abraçolique
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De Anónimo a 3 de Maio de 2004 às 15:24
Porquinho: não tenho dúvidas que Lisboa é uma das mais belas capitais europeias. É pena de facto ter ainda muitos problemas por resolver. Estou agora a lembrar-me de uma outra, também atravessada por um rio, e que está na meu "top qualquer coisa": Budapeste. Isto dos rios, já é mania... Bjs lique
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De Anónimo a 3 de Maio de 2004 às 15:17
Wind: A tua divagação resulta do facto de Paris ser parte do nosso imaginário. São incontáveis os filmes em que as grandes histórias de amor estão ligadas a Paris. Quando lá fores, como a qualquer outra cidade, não procures encontrar o que viste ou ouviste, deixa a cidade tomar conta de ti. :))*lique
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De Anónimo a 3 de Maio de 2004 às 15:14
MWOMAN: vale a pena ir quando a cidade faz jus ao nome de cidade-luz. É, além do mais, uma cidade em que há sempre mais alguma coisa que ainda não vimos. Eu já estou com saudades. Beijinhoslique
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De Anónimo a 3 de Maio de 2004 às 15:14
Boa tarde,amiga. Grata pela visita e comentário. Ana Luísa Amaral é do meu particular aprazimento, o poema de que leu apenas três versos está colocado na íntegra no meu outro blog, onde poderá encontrar outros da mesma poeta. Quanto à imagem, infelizmente, também não sei quem é o autor. Optei por a colocar porque a senti ligada aos versos que seleccionei. Voltarei mais tarde para ler com calma o seu texto de hoje, agora tenho que partir... voando! Um abraço.adesse
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