"...suponhamos que havia no universo um planeta onde pudéssemos vir ao mundo pela segunda vez. Ao mesmo tempo, lembrar-nos-íamos perfeitamente da vida passada na Terra, de toda a experiência já adquirida.
E talvez houvesse outro planeta onde viéssemos à luz pela terceira vez com a experiência das duas vidas anteriores.
E talvez fosse havendo sempre mais planetas onde a espécie humana fosse renascendo sempre um grau mais acima na escala da maturidade.
Era assim que Tomas via o eterno retorno.
Nós, cá na Terra ( no planeta número um, no planeta da inexperiência), não podemos ter senão uma ideia muito vaga do que aconteceria ao homem nos outros planetas. Tornar-se-ia mais sábio? Poderá alguma vez ter a maturidade ao seu alcance? Poderá ele chegar a ela através da repetição?
Só na perspectiva desta utopia é que as noções de pessimismo e de optimismo têm sentido. Optimista é quem pensa que a história humana será menos sangrenta no planeta número cinco. Pessimista, quem não acredita nisso."
Milan Kundera, A insustentável leveza do ser
De Anónimo a 29 de Abril de 2004 às 22:00
Planeta cinco? Ok, eu devo ser pessimista, porque acho que talvez lá para o planeta nº20 as coisas pudessem ser diferentes. Talvez! Repara, a estupidez humana não tem limites, enquanto a inteligência humana tem-nos. Gostei do post, nunca li o livro e percebi que é uma falha na minha cultura geral! Vou já ler, prometo! beijinhos grandes, para uma grande mulher.hana_le
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