Quarta-feira, 14 de Abril de 2004

A voz dos resistentes (I)

embarque.jpg


Menina dos olhos tristes

Menina dos olhos tristes
o que tanto a faz chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Vamos senhor pensativo
olhe o cachimbo a apagar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Senhora de olhos cansados
porque a fatiga o tear
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Anda bem triste um amigo
uma carta o fez chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

A lua que é viajante
é que nos pode informar
o soldadinho já volta
está mesmo quase a chegar

Vem numa caixa de pinho
do outro lado do mar
desta vez o soldadinho
nunca mais se faz ao mar



Música - José Afonso



Letra - Reinaldo Ferreira



publicado por lique às 07:40
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22 comentários:
De Anónimo a 14 de Abril de 2004 às 21:54
lique era pequena mas lembro-me disto tudo. Muitos ficaram por lá e as famílias~sem saberem. Boa escolha para mostrar o que muitas famílias passaram. Beijos.wind
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(mailto:cruzi@netcabo.pt)
De Anónimo a 14 de Abril de 2004 às 21:13
Abril: o sonho que se esfumou!





De Abril restam apenas os sonhos, as utopias de alguns bem intencionados e a frustração de um povo que desejou dias melhores.

Passados 30 anos, as comemorações são apenas um pequeno ponto à distância, sem referências, qualquer coisa difusa que se vai esfumando nos baús purulentos do tempo.

Em Abril 25, comemora-se o 24. Que ironia!
O regresso ao Poder das forças de Direita, disfarçadas agora de liberais e democratas, apenas nos mostra quão refinadas são as formas de fascismo.

Voltaram as querelas do futebol, o futebol em si mesmo, com Euros de todos os enganos, o fado, os escândalos, que apenas servem para desviar atenções como no antigamente.

O desmantelamento do Sistema Nacional de Saúde, a incapacidade da Justiça de a fazer aplicar aos poderosos, um ensino cada vez em piores condições, onde apenas os ricos têm a possibilidade de alcançar formações superiores, a saída de militares Portugueses, não para uma guerra colonial injusta, mas para outras causas injustas, o caciquismo e outras fórmulas, que todos acreditámos poderem ficar para trás em Abril, não passam de miragens sonhadas por gente generosa.

Hoje apenas os cravos ainda por rebentarem numa Primavera que já não o é, nos vão trazendo à memória um dia em que os portugueses sonharam que tudo poderia mudar.

Não é saudosismo, o que escrevo. São os sonhos ruídos, de uma geração de utópicos que acreditou num país mais justo.

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, dizia a canção.
Não se mudaram as vontades, mas mudaram-se os tempos. E com eles, as vontades de alguns, vieram ao de cima de novo.

De Abril, resta uma ponte com esse nome. E pouco mais. Um arremedo de Democracia, a alternância viciada do Poder, e na voragem de todos os desaparecimentos, as memórias daqueles jovens que de armas em punho, quiseram devolver-nos a dignidade. Que não temos.

Onde está Abril?
Esquecido num longínquo ano de 1974, enterrado como a maior parte dos seus intervenientes, esquecidos também nos sótãos da História.

“…quem cantarei?...” perguntava Zeca. Abril já não será de certeza, companheiro Afonso.
AcasoDeLetras
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(mailto:manintherisingsun@hotmail.com)
De Anónimo a 14 de Abril de 2004 às 20:01
Chau: bem vindo! Devemos mesmo lembrar... Volta sempre.lique
(http://mulher50a60.blogs.sapo.pt)
(mailto:lique2@sapo.pt)
De Anónimo a 14 de Abril de 2004 às 20:00
Mac: Como eu gosto das tuas visitas! Tu pareces-me tão próximo de alguns amigos meus! Volta sempre. Bjslique
(http://mulher50a60.blogs.sapo.pt)
(mailto:lique2@sapo.pt)
De Anónimo a 14 de Abril de 2004 às 19:57
Xzip: são estórias como essa que tu contas que eu gostava que as pessoas trouxessem para aqui ou para qualquer outro blog. Quase toda a gente neste pais tem algo para contar daquela época. Mas recalcou e pronto. Não digo isto de um ponto de vista de tristeza colectiva mas como um relembrar das razões que tivemos para que o 25 de Abril acontecesse e das razões que temos hoje para intervirmos naquilo que está errado.Bjs lique
(http://mulher50a60.blogs.sapo.pt)
(mailto:lique2@sapo.pt)
De Anónimo a 14 de Abril de 2004 às 19:51
Analfabeto: está previsto que isto seja uma espécie de peregrinação à memória de muitos e à imaginação dos que eram ainda muito novos. Espero bem que valha a pena...Bjslique
(http://mulher50a60.blogs.sapo.pt)
(mailto:loque2@sapo.pt)
De Anónimo a 14 de Abril de 2004 às 19:49
Porquinho: Ora seja bem aparecido! Vindo de férias e já com a verve aí toda pronta! Pois olha eu acho que esta história de 30 anos é demasiado recente e grave para se esquecer, sobretudo porque, em circunstâncias diferentes obviamente, não me parece que os sucessivos governos que temos tido do dito bloco central, que não é bloco nem é central, tenham feito grande coisa, em termos de projecto político ou tenham sequer conseguido apagar as mazelas deixadas pela história de há 30 anos mas que tem para trás muitos mais... A mim apetece-me recordar. Quem quiser lembrar comigo, lembra, quem quiser rir, ri. Beijinhos. Já lá vou visitar-te a ver se me fazes tu rir a mim.lique
(http://mulher50a60.blogs.sapo.pt)
(mailto:lique2@sapo.pt)
De Anónimo a 14 de Abril de 2004 às 15:50
Histórias para nunca esquecer !!! http://coisasporreiras.blogs.sapo.pt CHAU
(http://coisasporreiras.blogs.sapo.pt)
(mailto:robertochau@vetmedix.com)
De Anónimo a 14 de Abril de 2004 às 15:27
Eh LIQUE, que ossadas foste Tu desenterrar! Essa doía mesmo, quando tinhamos de preparar a "Encomenda" com o nosso companheiro.Dies irae.
Preciso de ir visitar o Memorial que dizem que está próximo dos Jerónimos, com o nome daqueles que não mais se fizeram ao mar. Penso que me fará bem, lembrar os meus amigos de infancia, de liceu e companheiros de armas. Tantos sonhos que eles tinham para realizar...Continua,mesmo que custe, é preciso que os mais novos não esqueçam que tudo isso aconteceu a sério.MAC
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(mailto:galileu60@hotmail.com)
De Anónimo a 14 de Abril de 2004 às 15:21
A minha avó paterna contou-me muitas vezes esta história. Quando o meu pai esteve na guerra em angola, eles tinham sido informados que ele tivera um acidente. Tinha ficado debaixo de um jipe que tinha capotado. E durante alguns meses nada mais se soube do meu pai. Posso imaginar a dor a angústia que a minha avó sentiu. Pela altura do Natal, eles finalmente receberam uma carta, na qual o meu pai explicava que estava bem. Mas com essa carta, vinha uma fotografia do busto de meu pai, com uma espécie de moldura á volta que não permitia que lhe fossem vislumbrados os braços. A minha avó, pessoa simples, entrou em pãnico, pois para ela, o querido filho tinha ficado sem ambos os braço. e assim ela manteve esta ideia até ao dia em que o viu regressar a casa inteiro.
isto para dizer que as ausencias são de per si dolorosas e dificeis de suportar. Quando existe guerra ainda pior. Quando temos noticias destas, a vida perde o sentido. Quando as noticias ainda são piores, a vida pode mesmo perder-se. Um abraço. Xzip
(http://bluedream.blogs.sapo.pt)
(mailto:jpft2001@sapo.pt)

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