Terça-feira, 13 de Abril de 2004

Canções do Niassa

Os poemas aqui transcritos fazem parte duma colectânea no site

Guerra Colonial</font>



e "os autores das letras, que as adaptaram a melodias em voga nessa época, são desconhecidos". Aqui ficam, para que conste.



"SERENATA"

I
Anda vem comigo
Fazer uma serenata
Anda que o ar é fresco
E a lua estiva é prata

II
Homens de rosto duro
Avançam pela picada
Partem de olhar em prumo
Chegam de cara crispada

III
Vieram de camponeses
Outros foram estudantes
Hoje de armas em punho
Tornaram-se assaltantes

IV
Pedidos de helicópteros
Para nunca chegar
Não resta outra sorte
Que o corpo sepultar

V
Os dias depois da chega
De tudo se consumar
Porque ao senhor comandante
Apeteceu passear

VI
Cá ao Norte do Candulo
Onde a fama não se acaba
Já vejo os meus abutres
Mas os gajos não se ralam

VII
Aos grandes ídolos da Nação
Que tenho para te dar
Secaram as minhas fontes
Agora só o cantar.






"POEMA DO MILITANTE"

Mãe,
Eu tenho uma espingarda de ferro!
O teu filho,
Aquele a quem um dia viste acorrentarem
E choraste,
Como se as correntes prendessem e ferissem
As tuas mãos e os teus pés
O teu filho já é livre, Mãe!
O teu filho tem uma espingarda de ferro
A minha espingarda
Vai quebrar todas as correntes,
Vai abrir todas as prisões,
Vai matar todos os tiranos,
Vai restituir a terra ao nosso povo,
Mãe, é belo lutar pela liberdade!
Há uma mensagem de justiça em cada bala
que disparo
Há sonhos antigos que acordam como
pássaros
Nas horas de combate, na frente de batalha,
A tua imagem próxima desce sobre mim.
É por ti também que eu luto, Mãe.
Para que não haja lágrimas nos teus olhos.



(Poema encontrado numa base da Frelimo na zona do Lunho)


publicado por lique às 07:30
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26 comentários:
De Anónimo a 13 de Abril de 2004 às 12:47
Se fores lendo as minhas crónicas de opinião, verás que sou muito forte nas afirmações. Diria mesmo, que contundente.

Acreditei em Abril. Até ao fatídico 25 de Novembro. E aí, Abril morreu.

Temo que tenhas interpretado mal as minhas palavras no post anterior.

Não disse que és alienada. Até porque uma acusação absurda desse tamanho seria desmentida pelos posts que tens colocado.

Chamei a atenção para a alienação. Pq ela existe!

Uma coisa te posso garantir: tenho pago uma elevada factura por dizer o que penso. E por intervir. Mas continuarei a pagá-la com prazer. Nunca ninguém me amordaçará.

O livro sairá na mesma. (Saí exactamente por causa da mentira que é o TOP 25.)Terei na altura em que ele saia o maior prazer em to oferecer.

Beijos, amiga.AcasoDeLetras
</a>
(mailto:manintherisingsun@hotmail.com)
De Anónimo a 13 de Abril de 2004 às 12:37
Gosto de te ver a entrar numa de comemoração do 25 de Abril. Acho que é importante não deixar esquecer o que se passou. E que também é importante não deixar tirar a carga política ao 25 de Abril. E não deixar que se passe de REVOLUÇÃO com todas as letras, que o foi, para uma soft e very convenient evolução. Já branquearam muito fdp desde então, não vamos deixar que branqueiem a própria revolução. Agora que consegui encontrar todos as minhas centenas de negativos de fotos da época (nem imaginas a alegria que tive) vou ver se publico umas no Catedral. bjksognid
(http://vegetacoes.blogs.sapo.pt)
(mailto:vegetacoes@sapo.pt)
De Anónimo a 13 de Abril de 2004 às 10:38
lique aqui também se está a fazer história:)
Lembrar o que se passou, para quem não faz a mínima ideia é um acto de coragem e de intervenção. Parabéns por isso! Disto eu não sabia, mas lembro-me que quando iam atacar, os soldados não podiam chamar o nome dos oficiais, para estes não serem logo mortos. Isto foi o que me contaram.Continua lique:-) Beijos;)wind
</a>
(mailto:cruzi@netcabo.pt)
De Anónimo a 13 de Abril de 2004 às 09:34
Quero comentar, ou melhor, quero dizer que a pele se me arrepia ainda. Quero dizer que é preciso lembrar sempre, não deixar esquecer. Quero dar-te os parabéns pelo serviço que estás a prestar.ângela
(http://blogoescrevo.blogspot.com)
(mailto:marquesangela@hotmail.com)
De Augusto a 26 de Junho de 2008 às 17:25
Vinha solicitar-lhe autorização para poder colocar este poema num blogue sobre a guerra colonial.
Grato pela atenção

Augusto
De Anónimo a 24 de Abril de 2016 às 12:11
Porque é que as pesos as que fazed aqui comentários prefer em o ano imago? ALfredo Laranjinha

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