Segunda-feira, 12 de Abril de 2004

"Mortos
Durante os 13 anos de Guerra, e segundo elementos incluidos na Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), registou-se um total de 8 290 mortos nas três frentes de combate.
O subtotal mais elevado refere-se a Angola (3 258), embora a exiguidade do território leve a ter de se referir a Guiné, com 2 070.
A grande maioria dos que morreram caiu em combate, e aqui o número mais elevado registou-se em Moçambique (1 481); seguem-se Angola (1 306) e Guiné (1 240).
Feridos
O número é dificil de calcular. A Associação de Defecientes das Forças Armadas presta serviços a 13 mil sócios, todos, portanto, portadores de deficiência permanente e adquirida durante o serviço militar. Mais cerca de 3 mil processos aguardam solução. Estimativas apontam para um total de 30 mil deficientes. Não custa aceitar que o número de feridos, com maior ou menor gravidade, é bastante mais elevado, até porque, em muitos caso, os ferimentos não deixaram marcas.
Muitissimo mais alto é o número de afectados, sobretudo a nível psiquico. Médicos têm estudado o fenómeno, calculam em cerca de 140 mil os antigos militares com stress de guerra,uma doença mais grave do que se supõe.
Mas há outra ferida que as próprias autoridades procuram esconder o mais possível : os desaparecidos. Recentemente, a Grande Reportagem, escrevendo sobre estes heróis sem regresso, dizia que de 1971 a 1973, há no Diário de Notícias nove referências a desaparecidos de combate. E nos dez anos anteriores ?
Ninguém vai acreditar que não haja números oficiais. Talvez á medida que o tempo passe, sejam criadas as condições para exorcizar definitivamente o fantasma da guerra, de modo a que ninguém fique submergido pela capa do silêncio."
Centro de Documentação 25 de Abril - Universidade de Coimbra
De Anónimo a 12 de Abril de 2004 às 23:20
Estas recordações doem Lique. O meu pai andou lá e tem marcas que nunca irão desaparecer. Não fisicas, mas psicológias. Por outro lado, ele sabe que teve muita sorte. Regressou a casa inteiro e em tempo útil, daquilo a que ele chamou o inferno na terra. Os números servem para reflectir. E são tão elevados. E a pergunta tem de ficar no ar? Valeu a pena? E como compensa o estado português estas perdas? Com a falta de apoios aos veteranos de guerra, pensões de miséria e uma despreocupação face á situação destes homens e suas familias que raia o absurdo e inumano. Por isso a recordação dói. Um abraço.Xzip
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De Anónimo a 12 de Abril de 2004 às 23:06
Acaso: Pois eu costumo lutar por todos os meios ao meu alcance contra aquilo que considero injusto. O que para aqui trago não me aliena do exercício da minha cidadania nem pretendo que aliene ninguém. Pelo contrário, pretendo que as pessoas acordem e olhem à sua volta. Se lutámos contra isto, como não lutar contra o que nos injustiça agora? Desculpa a pergunta mas porque vais acabar com o teu blog? Penso que era um veículo de divulgação da tua escrita muito válido, se como me disseste pretendes publicar um livro. Mas certamente tu é que sabes das tuas razões e eu estou a meter-me onde não sou chamada...Bjs lique
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(mailto:lique2@sapo.pt)
De Anónimo a 12 de Abril de 2004 às 22:10
Esta seria uma temática que nos deveria reflectir a todos.
Terminada essa guerra injusta, porque mantemos soldados fora das nossas fronteiras?!
Pior ainda, o que fazemos enquanto ocupantes?
Mas mais mau ainda que tudo isto, é a passividade com que nos sujeitamos à vontade de meia dúzia.
A opinião pública tem um peso muito maior do que é capaz de imaginar. Mas alienamo-nos com blog´s e afins.
Pela parte que me toca, acabei com o meu.
Agradeço as sempre simpáticas visitas que fui recebendo.
Um até sempre.
P.S. O meu endereço penso etar aí. Use-o sempre que quiser.
Beijos
AcasoDeLetras
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(mailto:melody1_2@hotmail.com)
De Anónimo a 12 de Abril de 2004 às 21:32
Maria: Como é que podemos compreender a guerra, todas as guerras? Como podemos compreender esta que nos levou ou prejudicou gravemente amigos, familiares...? Eu grito contigo: fim à guerra, já! Beijinhoslique
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De Anónimo a 12 de Abril de 2004 às 21:26
Olá.
A guerra. Essa palavra que vive ainda nas minhas memórias, e que eu não conseguia entender e que me desculpem, mas continuo a não entender.
Tive um empregado e um tio na guerra e famílias amigas que ficaram sem os filhos e morreram com eles, pois o sorriso deixou de fazer parte das suas faces.
Fim à guerra jámaria
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(mailto:mariaras@sapo.pt)
De Anónimo a 12 de Abril de 2004 às 21:24
Peres Feio: sem drama concordo, mas tentando que a geração que por aí não passou, compreenda como foi e as consequências que teve. Porque também há por aí muita desinformação! :))lique
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De Anónimo a 12 de Abril de 2004 às 21:22
Eternous: Obrigada por teres vindo. O que escreveste é um comentário ao post?lique
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De Anónimo a 12 de Abril de 2004 às 21:13
Encandescente: obrigada, amiga. Parece-me importante relembrar uma série de coisas que precederam o 25 de Abril e fazem parte da história deste país. Assim como uma espécie de flashback sobre coisas que já parecem esquecidas...:))*** lique
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De Anónimo a 12 de Abril de 2004 às 21:06
Wind: eu já não era assim tão pequena e recordo um diabo dum programa que davam na rádio e que começava sempre com aquela horrível marcha: "Angola é nossa...". Era terrível ouvi-los ou vê-los na televisão, tão jovens enviando aquelas mensagens sempre iguais de quem só deseja voltar! Lembro-me de muita coisa Wind, de amigos que fugiram para não serem mobilizados, de amigos que foram e de quem não sabíamos nada, das lágrimas na cara de uma senhora que costumava trabalhar na minha casa "foi o meu sobrinho, menina, lá ficou...". As lembranças hoje não me querem largar. Beijinhoslique
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De Anónimo a 12 de Abril de 2004 às 20:58
Analfabeto: tenho alguns amigos e conhecidos que vieram de lá completamente esfrangalhados do ponto de vista emocional e nunca recuperaram completamente. É um dos aspectos de que não nos devemos esquecer. Bjs lique
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