Kant tinha uma árvore para a qual olhava enquanto meditava. Eu tenho uma paisagem de telhados semeados de antenas de televisão. Kant passeava pelas ruas da cidade e contava os passos que dava e verificava se eram ou não os mesmos. Eu ando de carro a grande velocidade a pensar: é agora ou não que vou guinar para a esquerda, terá por fim chegado a hora da minha morte, como será, deixa-me ir ver? Kant recebia muito cordialmente os amigos em casa e cada um contava uma história, semana sim semana não, inventada. Eu procuro a verdade no que digo e fico muito atrapalhado porque não encontro nada. Kant era baixo e feio e ensinava o que não gostava. Eu gostava de ser bonito e alto e continuo a ignorar coisas essenciais. Porque é o céu azul? Porque é o mar salgado? Porque gosto tanto de beijar os teus lábios? Kant fica calado e depois começa: dadas as condições de possibilidade, etc., etc.
Pedro Paixão, Nos teus braços morreríamos
De Anónimo a 7 de Abril de 2004 às 00:35
Olá lique!
E agora diz-me lá: é ou não extraordinário ler autores que sejam capazes de escrever textos assim tão aparentemente simples, curtos e tão deliciosos.
nem fazes ideia a quantidade de gente a quem tenho recomendado este livro e que ficam um pouco perplexa por achar que se calhar estou maluco ou a insinuar...sei lá. Houve quem não chegasse a le-lo...Sabem lá o que perderam!
Beijinhos!Jose Duarte
(http://melnofrasco.blogs.sapo.pt)
(mailto:jpduarte@sapo.pt)
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