His children are far from safety; they shall be crushed at the gate, without a rescuer Job, 5:4Segundo um artigo que li na Sic online, ontem, o refúgio Aboim Ascensão, em Faro, não aceita crianças deficientes, portadoras de HIV ou outras infecções sem tratamento. Cito:
A carta a que a SIC teve acesso leva o carimbo do refúgio e a assinatura do seu presidente não deixando, pois, margem para dúvidas. Na lista dos exames que antecedem o internamento da criança o refúgio exige que o pedido seja acompanhado de uma declaração médica que prove que a criança não é portadora de doença infecto-contagiosa sem tratamento ou de deficiência.
Luís Vilas-Boas, o presidente do refúgio, e da comissão de acompanhamento da lei da adopção, argumenta que estas regras não mudam desde 1986, ano da fundação. Diz que esta é uma "opção institucional". "É a nossa aptidão, é a nossa capacidade, é a nossa disponibilidade, e não há outra", explicou.
Vilas-Boas louva as instituições que se dedicam a acolher crianças deficientes ou com HIV e afirma que ele próprio há oito anos que tem em projecto a construção de um abrigo para crianças diferentes a requererem, em seu entender, um tratamento especifico. Entretanto, o refúgio que dirige exclui assumidamente as diferentes da lista de candidaturas.
Na página da instituição na Internet, claramente se percebe que estas exigências não estão contempladas. Na letra oficial, o texto de apresentação do refúgio não determina quaisquer exclusões.
Não é muito meu hábito trazer para aqui estas notícias, mas, em meu entender, isto ultrapassa em muito os limites do aceitável. Eu li mal ou discriminam-se as crianças deficientes e com HIV por uma questão de disponibilidade e , por outro lado, planeia-se um abrigo só para crianças diferentes a exigirem tratamento especial ? Que é feito da integração destas crianças na sociedade, do seu direito de conviverem com outras crianças, sejam elas deficientes, portadoras de HIV ou não? Isto é realmente de mais
E este senhor é presidente da comissão de acompanhamento da lei da adopção
Aqui fica a minha indignação, como uma opção da qual eu não abdico!
Imagem - Children
De Anónimo a 28 de Março de 2004 às 23:44
A arte também é natureza. Aconselho uma visita à minha ultima exposição sobre as gravuras rupestres de Foz Côa.Luis Silva
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De Anónimo a 28 de Março de 2004 às 23:05
ognid: pois é, o Xzip felizmente tem o conhecimento da matéria suficiente para nos fazer ainda ver melhor o quanto esta atitude é discriminatória e proveniente de uma mente, no mínimo, distorcida. Enfim... apanhamos disto todos os dias! Então como vão as fotos? Tenho que ir à Catedral. Bjslique
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De Anónimo a 28 de Março de 2004 às 22:39
E pronto o Xzip tirou-me os poucos argumentos que eu ia desfiar para defender que o Luís Villas-Boas não tinha razão mas que, já que sobrevive à conta de subsídios do Estado, deveria ser obrigado a criar condições especiais para receber crianças infectadas com HIV, porque pensava que elas seriam necessárias. E eu que me considerava bem informado!!! Julgava que as probabilidades de transmissão pelo sangue, por exemplo, eram maiores. Muito te agradeço o esclarecimento. Quanto ao Villas-Boas tem realmente beneficiado duma boa imagem passada pela comunicação social mas, em Fevereiro, essa imagem foi bastante danificada pelas declarações feitas sobre casais homossexuais e a adopção de crianças. Não tanto pela opinião em si, mas pelos argumentos que usou e a forma como os expôs. Foi um assunto largamente debatido na blogoesfera, aliás. Desculpa lique, ocupei tanto espaço sem falar do teu post. Mas, se já concordava com ele apesar das reticências que falei, agora então essa concordância é total. bjksognid
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De Anónimo a 28 de Março de 2004 às 20:59
Xzip: Obrigada pela tua explicação.É sempre bom ter um especilista por perto! Não há qualquer problema em quem quer que seja esclarecer problemas neste espaço. Estamos aqui para falar uns com os outros, não é?. Bjslique
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De Anónimo a 28 de Março de 2004 às 20:51
Vou aqui dar alguns dados técnicos ao Analfabeto que ele talvez não saiba. Em primeiro lugar, o risco de contágio entre crianças é menor que em adultos, pois os seus doseamentos de HIV são inferiores. Não se conhece, entre os quase 11ooo casos de HIV1 e HIV2 declarados em Portugal nenhum devido a contágio em creches e infantários. Por exemplo, a quantidade de virus necessários para contagiar o HIV é cerca de 100 vezes mais do que é necessário para propagar, por exemplo, o Virus da Hepatite B. O virus da Sida sobrevive poucos minutos fora do organismos humano. Se uma criança fizer um corte, e deixar sangue, por exemplo, no tampo da mesa, após 15 minutos os virus desse sangue morrem. Mesmo o contacto directo com o sangue de um seropositivo, o contágio somente se produz se nós mesmos tivermos uma ferida aberta em contacto com esse sangue. E mesmo aí, tudo depende da quantidade de sangue "trocada". As coisas não são assim tão lineares. Então pessoas como eu, profissional de saúde que diariamente tenho de lidar com pessoas infectadas, como é que faziamos? A informação e o conhecimento são as melhores e mais poderosas armas que possuimos para combater o medo e a discriminação. Evidente que são necessários alguns cuidados, mas muito poucos e simples de tomar. O que obrigatoriamente deve existir é um diálogo aberto e franco entre as instituições de acolhimentos, profissionais educativos e da saúde e os pais. Ser HIV positivo não é, tacnicamente falando, uma razão para internar uma criança ou um adulto em unidades especiais. Isso, bem pelo contrário, e se tiveres dúvidas vai a ONUSida confirmar, pode tomar os contornos de crime, pois estariamos a privar a criança de direitos fundamentais.
Já agora, o virus não se propaga pelas lágrimas, nem pelo toque, e muito dificilmente pela saliva. Vamos deixar estas crianças crescer sem estigmas? Como referi no meu post, as minhas filhas não hão-de ter medo de brincar com uma criança com sida. Sabe porque meu caro amigo, porque a discriminação, o medo e a falta de informação foram o que levou a que a epidemia da Sida chegasse onde chegou. Já é tempo de parar não acha? Desculpe, mas achei que deveria clarificar esta questão do risco de contágio porque vi por aqui muita informação incorrecta. Desculpa também Lique, por abusar do seu blog, mas pareceu-me o local mais correcto para dizer isto. Fiquem bem. :)) Xzip
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De Anónimo a 28 de Março de 2004 às 19:34
Olá analfabeto: fizeste muito bem em comentar, mesmo não concordando. Estamos aqui para trocar ideias não para dizer que sim a tudo, tens um blog muito lindo, etc. Não sou perita mas tenho ouvido muitos peritos dizerem que os seropositivos representam um risco limitado para os outros, desde que exista precaução suficiente. Claro, tens razão ao dizer que estamos a falar de crianças que facilmente caiem, se ferem, etc. Por isso é que é necessário haver precaução suficiente e parece-me que quem mais facilmente se habitua e não estranha esse tipo de precauções são as outras crianças. Nos adultos é que está o problema. O que aquele senhor não quer é ter na instituição dele seropositivos ou crianças com qualquer tipo de deficiência... mas se for muma espécie de gueto para essas crianças, já está bem. Na cabeça dos adultos é que tudo isto se passa sabes, as crianças aceitam e se lhes explicarem não discriminam ninguém. Fica bem e volta sempre, concordes ou não. :) lique
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De Anónimo a 28 de Março de 2004 às 19:23
Maria: Pois, é necessário às vezes tomar certas posições, por incómodas que sejam. Para mim isto é uma questão de princípio, lutar contra qualquer tipo de discriminação. Irrita-me, indigna-me e não me consigo calar. Já devia se calhar ter mais juízo... Obrigada :))*lique
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De Anónimo a 28 de Março de 2004 às 19:03
Não é meu hábito comentar um post quando não concordo com ele (por razões de educação) mas decidi comentar este... pois penso que é um caso importante. Pode parecer descriminação a acção do presidente da dita instituição, mas o vírus HIV é facilmente contagioso em crianças (por n motivos, que calculará) logo ao aceitar as ditas crianças colocará em risco as restantes... Existem Instituições próprias para esse tipo de crianças e nunca em caso algum se deve colocá-las com as outras. (estamos a falar de crianças com idades entre 1 e 9 anos)analfabeto
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De Anónimo a 28 de Março de 2004 às 18:58
Tal como ao Acaso, o "senhor" em questão nunca me enganou e sempre intui que todo o seu discurso de pseudo benemérito se inscrevia por aí, algures, num qualquer jogo de interesses , menos no âmago de uma alma genuinamente boa...
Não me surpreendeu, portanto, esta sua posição. Mas, tal como a ti, indignou-me isso sim, e ainda bem que trouxeste aqui o assunto com a coragem de "chamar os bois pelos nomes" ... Ainda bem... Beijinhos e boa semana. maria
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De Anónimo a 28 de Março de 2004 às 13:50
Acaso: Bem vindo por aqui! Subscrevo totalmente as tuas palavras. Já tinha várias vezes ouvido falar desta instituição e as referências pareciam-me sempre elogiosas. Do "cavalheiro" não sei mais do que a imprensa diz. Mas a atitude fala por si. E em absoluto concordo contigo que devemos respeitar a nossa diversidade. É daí que vem a riqueza cultural e social dum país. Fica bem. lique
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