Domingo, 21 de Março de 2004

Aqui ainda podemos esquecer-nos
aqui ainda podemos fechar os olhos e sonhar
aqui ainda podemos ignorar voluntariamente
o dragão pela noite
Aqui ainda podemos fingir de homens
aqui ainda podemos sorrir como se nada fosse
aqui ainda podemos jogar obsessivamente o xadrez
Aqui ainda podemos ter pequenas ambições
aqui ainda podemos ser pequenos em tudo
aqui ainda podemos cruzar inteligentemente os braços
Aqui ainda podemos estar mortos e ler o jornal todos os dias
aqui ainda podemos responder a anúncios
aqui ainda podemos ter um tio nas Américas
Aqui ainda podemos ter um rádio portátil
aqui ainda podemos gostar de futebol
aqui ainda podemos ter uma amante oculta
Aqui ainda podemos ir cedo para casa
aqui ainda podemos estar no café com os amigos
aqui ainda podemos ter um jeito marítimo
Aqui ainda podemos
em silêncio esperar
Daniel Filipe(poeta de Cabo Verde, 1925-1964)
De Anónimo a 22 de Março de 2004 às 13:29
Bom dia Lique. Vejo que vais iniciar "Obras" aqui no teu blog e vejo que o teu humor está perturbado hoje... antes que me barres a entrada aqui, cá venho falar deste poema lindo e deste livro tão polémico quanto profundo: Ofereceram-mo há anos e foi uma revelação! Adoro um poema, não tenho o título de cor, mas que fala dos Domingos dos Homens na cidade... o que fazem, onde vão, quem visitam... Já no post anterior te tinha louvado pela intrudução aqui da literatura Lusófona e continuo a dar-te os parabéns! O bom gosto impera. Não faças obras nesse aspecto, sim? Já me alonguei... sorry. Fica bem, jinhos:))***misogena
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(mailto:misogena@sapo.pt)
De Anónimo a 22 de Março de 2004 às 00:25
Tem toda a razão. Não foi só por gentileza, foi evidentemente também pela qualidade gráfica, imagens e textos que tem.
Muito bom mesmo, caso contrário não o colocaria nos meus links só por gentileza.
Luis Silva
(http://luissilva.blogs.sapo.pt)
(mailto:luisantoniosilva@iol.pt)
De Anónimo a 21 de Março de 2004 às 22:01
Ognid: O poema é lindo. Tenho um livrinho deste homem que se chama "A invenção do amor e outros poemas" que é uma maravilha. O poema "A Invenção do amor", irreproduzível aqui por ser muito grande, é das coisas mais bonitas que tenho lido. Quanto aos Açores, homem, nem me fales disso que eu fico de água na boca. Beijinhoslique
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De Anónimo a 21 de Março de 2004 às 21:55
Xzip: É, eu também gosto da forma deste poeta não muito conhecido e que morreu muito novo. Neste poema acho que ele se refere mesmo a um lugar físico (provavelmente Cabo Verde) mas quando lemos pode ser qualquer lugar do nosso imaginário. Um lugar onde possamos ser nós mesmos... Bom de imaginar, não é? Quanto ao resto, não vale a pena comentar...:))lique
(http://mulher50a60.blogs.sapo.pt)
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De Anónimo a 21 de Março de 2004 às 21:31
Adorei, o poema e o resto ;) Sabes que nos Açores, na maior parte dos sítios, ainda dá para ser assim? Lá sim. Lá gostava de viver. bjksognid
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De Anónimo a 21 de Março de 2004 às 20:00
Achei o poema muito bonito. Um lugar no qual todos desejariamos viver. Talvez Cabo Verde. O poema, para além de belo, é ainda muito estético em termos de colocação no papel. Achei graça á forma como todos os versos são iniciados. Simetria literária. E as coisas simétricas são belas. Felicidade(s)
P.S. Retribuir? Ou compartir? ; Gostar? Ou não gostar? Xzip
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De Anónimo a 21 de Março de 2004 às 18:16
Luis Silva: tenciono retribuir a sua "gentileza", como diz, quando reorganizar a classificação dos meus links. De qualquer forma penso que, se gostou do meu blog, não foi só por gentileza. Se não gostou, não devia ter posto. Bom resto de dia.lique
(http://mulher50a60.blogs.sapo.pt)
(mailto:lique2@sapo.pt)
De Anónimo a 21 de Março de 2004 às 17:33
Então!!!não retribui a gentileza. Lembre-se que gostei muito do seu blog e coloquei-o nos meus links. Vá lá não custa nada.
BjitosLuis Silva
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